A Assembleia Legislativa de Goiás
aprovou, no dia 14 de maio de 2025, por unanimidade, o primeiro marco legal
estadual voltado ao desenvolvimento e uso da inteligência artificial (IA) no
Brasil. O projeto, de autoria do Poder Executivo, foi aprovado em duas votações
realizadas no mesmo dia e agora segue para sanção.
A norma consolida Goiás como a
primeira unidade federativa a instituir diretrizes específicas para a
tecnologia, antecipando-se ao debate nacional e destacando-se pela abordagem
pró-inovação. Em vez de focar em mecanismos de controle e restrição, a proposta
estadual adotou uma abordagem predominantemente voltada ao fomento, priorizando
a atração de investimentos, a capacitação técnica e a previsibilidade
regulatória para empresas que operam com IA garantindo o uso responsável e
seguro da tecnologia no país. A legislação prevê, por exemplo, a inclusão de
conteúdos sobre IA, ciência de dados, programação e ética digital no currículo
das escolas estaduais, desde o ensino fundamental, promovendo a formação
precoce de profissionais capacitados para os desafios da economia digital.
Também estabelece parcerias com o Sistema S e instituições de ensino superior
para qualificação técnica, com foco no desenvolvimento de competências
relacionadas à IA.
Outro avanço significativo é a
criação do Centro Estadual de Computação Aberta e Inteligência Artificial, em
colaboração com o Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia) da
Universidade Federal de Goiás, que oferecerá infraestrutura de alto desempenho
para pesquisadores, empreendedores e empresas. O marco legal também institui o
Sandbox Estadual Permanente de Inteligência Artificial, um ambiente regulatório
experimental que permite o desenvolvimento e teste de soluções inovadoras com
supervisão do poder público, proporcionando maior segurança jurídica e estímulo
ao ecossistema de inovação. Foi lançado ainda o Programa IA no Campo –
Agro-Tech Aberta Global, voltado à aplicação da inteligência artificial no
agronegócio, setor estratégico para a economia estadual e nacional.
Outro destaque jurídico está na
regulamentação de agentes autônomos e da chamada “inteligência artificial
embarcada”, presente em dispositivos como veículos autônomos e câmeras de
segurança. A existência de regras sobre responsabilidade civil e padrões técnicos
pode mitigar litígios futuros baseados em lacunas normativas, especialmente à
luz de legislações como a LGPD.
O texto também visa ao
desenvolvimento econômico e ambiental, ao prever incentivos para data centers
movidos a energia limpa, estratégia alinhada à matriz elétrica majoritariamente
renovável do Brasil. Segundo o governo estadual, a combinação entre segurança
jurídica e matriz energética limpa já começa a atrair a atenção de gigantes do
setor, como a Amazon Web Services.
A governança ética também é
contemplada com a criação do Núcleo de Ética e Inovação em Inteligência
Artificial (NEI-IA), órgão consultivo responsável por acompanhar a aplicação da
política pública de IA e avaliar os impactos sociais, econômicos e ambientais
das tecnologias implantadas. Além disso, o marco prevê transparência
algorítmica, proteção contra vieses discriminatórios e o respeito aos direitos
fundamentais como princípios orientadores das aplicações tecnológicas.
Nesse contexto, há a expectativa
de que a legislação goiana funcione de forma complementar, e não conflituosa,
ao futuro marco nacional, atuando principalmente no incentivo ao uso ético,
transparente e sustentável da IA.
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impactos jurídicos.
Ana Julia Pozo Salvador
Fonte:
Governo
de Goiás propões lei que incentiva | Regulamentação
do uso de inteligência artificial | Goiás
aprova regulação de inteligência
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