Nos últimos dias, EUA e China
avançaram para um acordo-quadro que permitiria ao TikTok continuar operando no
mercado americano com uma nova estrutura: investidores dos EUA assumiriam o
controle da operação local, enquanto a ByteDance ficaria com participação
minoritária e licenciaria o algoritmo para a nova empresa. A Casa Branca indica
que um ato presidencial deve formalizar os termos; Pequim, por sua vez, tem
sinalizado que a solução faz parte de conversas econômicas mais amplas entre os
países. Ainda é um entendimento político que precisa ser concluído e confirmado
oficialmente pelos dois lados.
O pano de fundo jurídico é
conhecido: em 24 de abril de 2024, foi aprovada nos EUA a lei que exige
desinvestimento do TikTok ou proíbe seu funcionamento no país; em 17 de janeiro
de 2025, a Suprema Corte manteve a validade dessa norma. Desde então, o governo
tem trabalhado numa saída negociada. O desenho atual prevê que os dados de
usuários americanos fiquem em infraestrutura em nuvem da Oracle nos EUA e que
um conselho de sete membros, com maioria americana, administre a operação
local.
O caso pode a virar referência
para plataformas globais que operam em mercados sensíveis. A combinação entre
mudança de controle societário, dados mantidos e processados no país e
auditoria independente do algoritmo aponta para um modelo de “soberania de
dados”: quem coleta, guarda e decide sobre o acesso responde às leis e
autoridades locais. Isso reforça uma tendência que já era seguida por países
como a Rússia, que impõe, desde 2015, que dados de cidadãos russos sejam
armazenados em servidores localizados no país, e até a própria China, que
exigiu da Apple a migração do iCloud para provedora local com chaves sob
jurisdição chinesa, e levou a Tesla a manter em data centers domésticos todas
as informações geradas por veículos vendidos no país.
Na prática, isso reduz o risco de
interferência estrangeira sobre informações de usuários e dá ao regulador
nacional mais condições de fiscalizar como o conteúdo é recomendado e como os
dados são usados. É um caminho de conformidade mais previsível — e menos
traumático que um banimento —, mas não elimina todas as dúvidas: o
licenciamento do algoritmo pode preservar influência indireta da antiga
controladora e ainda haverá discussões sobre como evitar acessos indevidos,
garantir transparência nas recomendações e equilibrar segurança com inovação e
competição.
No xadrez internacional, o TikTok
virou moeda de negociação, analistas veem flexibilização de Pequim em troca de
avanços em disputas comerciais e tecnológicas, enquanto Washington tenta
mostrar que há como conciliar segurança nacional e continuidade de serviços
digitais populares. O desfecho, porém, ainda depende dos documentos finais e do
cumprimento de prazos regulatórios.
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Fontes: US, China reach framework | Trump turns Biden´s | Application Of Protecting | Opinion Trumo saved | Tik Tok´s algorithm to be | China lifted ban on Tesla | Data protection laws in Russia | Apple´s icloud partner in China.
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