A China vem acelerando suas
iniciativas para consolidar-se como referência na governança global da
inteligência artificial. Entre 26 e 28 de julho de 2025, durante a World
Artificial Intelligence Conference (WAIC), em Xangai, o país lançou o Global AI
Governance Action Plan, um pacote de medidas que vai desde a obrigatoriedade de
avaliações de segurança antes do lançamento de modelos generativos até a
restrição ou retirada de sistemas não conformes — o plano dialoga com medidas
já adotadas internamente, como a remoção de mais de 3.500 sistemas não
conformes, realizada pela Cyberspace Administration of China (CAC).
A proposta inclui padrões
nacionais e internacionais para mitigar riscos de alto impacto, como uso
malicioso em cibersegurança, ameaças químicas, biológicas, radiológicas e
nucleares, além de cenários de perda de controle de sistemas avançados. Há
ainda a previsão de mecanismos de monitoramento contínuo, alerta precoce e
protocolos de resposta emergencial para incidentes relacionados à IA.
Líderes e pesquisadores chineses
destacaram a importância de colaboração internacional. Foram defendidas
plataformas de avaliação de segurança com reconhecimento mútuo entre países e
testes interoperáveis, permitindo que diferentes jurisdições adotem critérios
técnicos comuns. A iniciativa também mira o chamado Sul Global, com a proposta
de compartilhar produtos, tecnologias e práticas de segurança com países em
desenvolvimento.
Especialistas apontam que, embora
China e EUA tenham contextos políticos distintos, os riscos e impactos sociais
da IA são semelhantes, pois ambos desenvolvem modelos de fronteira com
arquiteturas e métodos de treinamento comparáveis. No entanto, enquanto Pequim
tem reforçado a regulação e ampliado padrões técnicos, Washington mantém uma
política mais branda e, em alguns casos, resistente à criação de novas regras,
o que abre espaço para a China ocupar uma posição de liderança nos debates.
A ausência de protagonismo dos
EUA em fóruns recentes — inclusive em reuniões a portas fechadas na própria
WAIC — resultou no avanço de uma coalizão formada por China, Reino Unido,
Singapura e União Europeia para a construção de salvaguardas na IA avançada.
Essa aliança propõe cooperação em áreas críticas como segurança cibernética,
prevenção de usos biológicos e alinhamento de valores por meio do
desenvolvimento e da abertura de modelos de código aberto, estratégia que,
segundo alguns especialistas, pode manter o equilíbrio de forças e reduzir
riscos sistêmicos.
Ao apostar na cooperação global,
a China busca transformar sua visão de governança em um marco de referência,
utilizando a segurança como elemento estratégico não apenas para prevenir
danos, mas também para moldar os rumos da tecnologia e garantir influência nas
regras que definirão o futuro da IA.
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Fontes: Inside the Summit Ehere China|China Wants the World to Work Together on AI|China is Taking AI Safety Seriously|China proposes new global.
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